Para Além da Ilusão
- PJ Vulter
- 2 de nov. de 2018
- 3 min de leitura

Já estamos perto do Natal…
Faltam dois meses e já são muito os apelos ao consumismo; campanhas, saldos…
Quantos de vocês já se sentem com vontade de comprar coisas?
Tantos?!
Não se sintam mal por isso. É normal!
É normal, porque toda esta máquina que criaram em torno do consumo foi desenhada para nos iludir, enganar o nosso cérebro, manipular-nos e fazer-nos acreditar que consumir é preciso, é essencial; quase uma necessidade biológica! Por isso, se não se sentissem assim, não seriam humanos…
Mas está, isto, certo?
Eu cá acho que não…
Tudo se torna errado no momento em que nos conseguem convencer a comprar coisas de que não precisamos; em que nos fazem sentir mal por não comprarmos isto, ou aquilo; em que nos sentimos menos por não comprarmos qualquer coisa que achamos que temos de ter…
Na verdade, se pensarem bem nisto tudo, compreenderão que não passamos de peças de um sistema desenhado para funcionar 24 sobre 24 horas e 365 dias por ano; e, não nos bastando já a publicidade normal, ainda surgem as datas festivas…
Já se deram conta de quantas novas datas festivas surgiram nos últimos anos?
No meu tempo de criança havia o Natal – essa era a época festiva por excelência – o carnaval (máscaras e brincadeiras) e a Páscoa (as amêndoas e os ovos). Há coisa de 20 anos, começou a surgir o Réveillon; antes, a passagem de ano era celebrada em casa – ou com amigos ou familiares -, mas agora é preciso fazerem-se - quase - galas. E depois, em catadupa, começou-se a celebrar a dia de São Valentim, o dia das bruxas e toda uma série de pequenos dias que antigamente passavam despercebidos…
«Celebrar é preciso!», dirão. É bem verdade, mas a celebração deve ser verdadeira e não porque há uma data que nos dizem que é para celebrar…
É que não sei se deram conta, mas – não satisfeitos com o aumento dos dias de festejo – os gurus deste sistema - que nos escraviza - conseguiram calendarizar as coisas de tal forma que não há tempo para respirar; quando acaba uma festividade, começam logo os preparativos para outra… E cada vez mais, através dos dados que todos oferecemos escandalosamente online, eles conseguem fazer uma coisa fantástica: ter um plano de festividades calendarizado, particular, para cada um de nós. Já se aperceberam disto?
Quantos de vós já receberam propostas de celebração, disto ou daquilo, no vosso email?
Podem dizer: «Ah! Mas isso é bom! É personalizado! Preocupam-se connosco para que não percamos boas oportunidades de diversão!»
E eu digo-vos: não se esqueçam que por tudo isso têm de pagar; é o vosso dinheiro que eles querem.
Na realidade todo este sistema – esquema, se me permitirem - existe para chegar ao nosso dinheiro; para nos tirarem o nosso dinheiro a troco de uns momentos – os nossos, é bem certo – de gozo e prazer.
Não me interpretem mal. O dinheiro serve para isso mesmo: comprar aquilo que nos faz falta. Mas é por isso mesmo que está mal criarem-nos a ideia de que precisamos de milhares de coisas; porque não precisamos disso tudo. No entanto, eles querem ter todo o nosso dinheiro e, então, têm de criar-nos a ideia de que precisamos sempre de mais e mais e mais…
Bom; vocês desculpem-me - gostaria de continuar, porque esta conversa é longa -, mas eu tenho de ir. É que vi ali uma promoção catita para um portátil; já tenho dois, mas acho – pelo que vi na publicidade – que este é que tem mesmo tudo aquilo que eu preciso!
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