Um monte de...
- PJ Vulter
- 20 de out. de 2017
- 3 min de leitura

Há algumas pessoas que são um monte de… qualquer coisa.
Não são gente de bem, nem de mal; são um monte de… qualquer coisa.
Tão cheias delas próprias, das suas verdades, dos seus propósitos; tão certas de que estão certas que não hesitam em te apontar o dedo quando acham que estás errado – mesmo quando não estás. Isto irrita!
Irrita, não irrita?
Irrita, porque tu achas que tens razão. Mais: tu sabes que tens razão!
E é verdade. Muitas vezes tens a razão que a tua visão te dá das coisas: uma perspectiva diferente e perspectivada, como aquelas que um dia mudaram mundo.
No entanto, por cada génio em potencial, devem existir muitas pessoas cujo único intuito é garantir que nada muda: gente mesquinha e medíocre; gente incapaz; gente que tem medo de mudar, porque se o mundo muda não sabem se conseguem adaptar-se. E, então, o que é que faz essa gente?
Todos os dias se vestem como se fossem as melhores pessoas do mundo - para mostrar que o são e nunca porque, de facto, o sejam -, listam as máximas por que querem pautar o seu dia – para que os outros vejam como são profissionais e brilhantes, não por que o sejam, pois não é o caso -, e passam o dia a mostra-se inteligentes, atentas, profícuas, e a garantir que quem interessa veja isso, pois já perceberam que é mais importante parecer do que ser. E é por isso que estão superatentas ao teu erro, ao erro do outro, porque esse é um momento de ouro para brilharem, para subirem um degrau e mostrarem-se melhores; é sempre mais fácil brilhar quando o brilho do outro se embaça…
Essa gente detesta pessoas brilhantes. E elege-as como alvos favoritos: sabem que um dia falharão – pois todos falhamos – e querem estar lá para poderem beneficiar disso e potenciar essa falha o mais que possam.
Todos conhecemos gente assim. Gente que são um monte de… qualquer coisa.
Dá raiva; não dá?
Dá!
Mas relevemos isso. São gente menor, gente vazia, gente sem nada de maior na vida, gente condenada a ser carneiro, formiga, e a viver sob o esclavagismo capitalista em que nos deixámos encerrar; gente para quem somos nós - nós, que temos dois olhos e um cérebro – que estamos errados. E estão certos, pois são a maioria. Somos nós que não nos adaptamos a este mundo, porque somos diferentes…
E reparem como é irónica a vida. São aqueles que, por medo da mudança, sustentam este mundo moribundo quem vencem, enquanto somos nós – tu e eu –, que sempre abraçámos a mudança e a necessidade de mudar, quem tem de lidar com a derrota. Mas será mesmo assim?
Não. A mudança é inevitável. A mudança é natural. Tudo muda; e a nível celular mudamos a cada minuto…
O que interessa – sempre - é aquilo que somos; aquilo que somos por dentro. E é por isso que o tempo corre a nosso favor…
Sabem aquela prenda, a que tinha um embrulho lindo e brilhante – o mais bonito da árvore de Natal?
Lembram-se do que lá estava dentro?
Não?
Eu, pelo menos, não me lembro.
Mas recordo-me muito bem do embrulho simples e pequeno, disfarçado no meio das prendas - tão disfarçado que quase não o via e foi o último que abri -, porque era esse que tinha aquilo que eu mais queria.
E é assim.
O falso brilho dessa gente, um dia, acaba-se; e elas revelam-se como o que são: um monte de… qualquer coisa.
Comentários