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Arde Portugal e queimam-se línguas


Nota de introdução: hoje, 27 de Outubro, este texto está dasatualizado: a ministra foi demitida, bem como mais alguns; fez-se uma remodelação para calar as bocas. Poderia ter alterado o texto, mas não o fiz, porque continua atual e estes eventos apenas atestam o que eu escrevi: de repente, já não interessam os incêndios e as mortes, o que interessa é que governo não foi demitido; fizeram-se, até, moções de censura. Ora, melhor do que as palavras, são os atos, e o que as pessoas fizeram depois de demissão foi virar baterias para outra coisa; o que só prova que todos estes comentadores de bancada não passam de gente papagueadora e facilmente manipulável. Houve até uma pessoa, que não identificarei, que veio depois dizer que ninguém tinha entendido o que ele queria, porque a sua questão nunca tivera a ver com política, mas sim com o Estado... A lição a apreender é que é preciso ler, ouvir, perceber- não só que se ouve, mas também o que se diz e como se diz - e só depois emitir opiniões. Se assim não for, o que se diz ou escreve de nada vale e não passa de lixo que serve os propósitos de alguém, mas nunca os da Nação.


Texto (escrito em 17 de Outubro)


Tenho seguido os comentários no Facebook sobre esta tragédia que se abateu sobre Portugal, de novo; e uma coisa é verdade, a indignação que se sente, exatamente 4 meses após Pedrogão Grande, tem razão de ser: o cenário tornou-se a repetir: mais destruição e perda de vidas humanas.


No entanto, a indignação não dá o direito de se ser ignorante, obtuso, ingénuo e, muito menos, de inflamar a opinião pública com visões parcialistas, partidárias e de pouco préstimo.


Há coisas erradas, mal organizadas e que conduziram a esta tragédia. Contudo, a culpa é não deste governo, nem da Geringonça, a culpa é também de todos os governos que os antecederam que nunca investiram em conformidade com o nosso perfil de risco.


Vamos ver uma coisa: eu que não sou nenhum especialista em Proteção Civil, ou engenharia florestal, percebi – como todos nós -, e há muito tempo, que Portugal tem um alto risco de incêndios; eu sei disto desde que me conheço como gente. Porque raio sempre se tratou a Protecção Civil com o desdém que se tem tratado?


Em pouco mais de 40 anos nunca assisti a um verão sem incêndios; há sempre tragédias pessoais, às vezes perdas de vidas, e sempre perdas emocionais e materiais. E nestes 40 anos apenas assisti a desinvestimento na Protecção Civil. De quem é a culpa disto?


Deste governo?


Desta Ministra?


Não. A culpa é nossa, dos Portugueses, que não só temos escolhido mal quem nos governa, como – mais recentemente – nos desinteressámos da arena política.


«São todos iguais!», dizemos; e nós: o que fazemos?


Respondemos com a abstenção. Saberão os portugueses que vale mais um voto em branco do que a abstenção?


E que raio de protesto é este que faz com que os portugueses fiquem em casa, ou no café?


E agora, de repente, saltam todos para o ataque, exigindo a demissão da ministra.


Quantos destes protestantes terão realmente votado?


Voltando à questão dos incêndios, os problemas reais estão na organização da Proteção Civil, nos seus líderes impreparados e incapazes para reagir a situações de calamidade como a que recentemente vivemos. Despedir a ministra, e manter a Proteção Civil como está, não vai resolver nada, porque, para o ano que vem, com outro ministro, o problema voltará a surgir. E aí que se fará?


Despede-se esse ministro?


Isso faz-me lembrar a atitude de um certo clube de futebol… adiante.


Sigam-me no exercício de especulação: façam-me esse favor.


Vamos supor que o PM cede e demite a ministra. Quanta desta gente vai continuar preocupada com a Protecção Civil?


Quantos deles vão continuar a exigir as alterações necessárias?


Não é preciso ir muito atrás no tempo, para ver isto: nestes 4 meses, quantas vezes se voltou a falar de Pedrogão Grande e do combate ineficaz aos incêndios?


Quem continuou a protestar por uma melhor Proteção Civil?


O problema é que esta gente que vem para o Facebook, acobertados pela distancia e um teclado, limita-se a papaguear o que ouvem aos líderes políticos; sim, os mesmos que «são todos iguais» e que fazem que se abstenham nas votações. De repente, essa gente sem valor tem valor suficiente para ecoar pela boca de vários milhares de pessoas. Acharão estes milhares de pessoas que eles estão, de facto, preocupados e que quando chegarem ao governo farão alguma coisa?


Não; meus amigos. Essa gente está a aproveitar-se desta situação para ganhar apoiantes, para denegrir o governo e fomentar uma divisão num momento em que a união é necessária.


Está na hora de as pessoas assumirem as suas próprias opiniões, serem honestos no que pensam, dizerem, de facto, de sua justiça e pensarem – sobretudo, pensarem – no que propagam, como incendiários, para o mundo…


Contudo, acho que o dia em que isso for obrigatório – como uma lei -, em que se responsabilize quem o diz o quê, o Facebook vai ficar silencioso…


Porque será?



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