Feliz Ano Novo
- PJ Vulter
- 29 de dez. de 2017
- 3 min de leitura

Está aí o novo ano. Mais 365 dias - ou 366, ainda não vi - para usarmos a nosso bel-prazer.
Para muitos, esta é uma época de alegrias, de balanço de mais um bom ano nas suas vidas, e, para outros, é uma altura de tristezas; para alguns, até, é o fim de autênticos ordálios: o momento de lamber as feridas, lastimar as perdas, lamentar os erros...
No entanto, para todos - sem excepção - é uma época de esperanças, de renascimentos, de novos projectos; muitos dos quais, já quase só por tradição, de tanto que se repetiram ano após ano...
Ninguém - estou em crer - poderá atravessar um ano, 365 dias inteiros, sem ter cometido erros, sem ter magoado alguém, sem se ter magoado, sem ter tido maus momentos, sem ter tido medos e receios, sem ter tido derrapagens nos seus projetos e sonhos; enfim, sem que alguma coisa não lhe tenha corrido de feição. E, mesmo que o balanço final seja positivo, francamente positivo, se olhar lá para trás, para os idos dias do ano que agora deixamos, vai encontrar coisas menos boas. E é por isto que, muitas vezes, olhamos para aqueles que encaram o ano que acaba com a tristeza no olhar, tanta que, por vezes, não acredita na esperança que o novo ano traz, como pessimistas; na ótica do copo meio cheio ou meio vazio. Mas será isto certo, justo, ou correto?
Imaginem-se na posição deles. Que ao invés de terem tido, no ano, algumas coisas más, apenas tivessem tido algumas coisas boas; tão poucas que nem essas, no meio de tudo, recordassem. Como seria o vosso balanço do ano?
Talvez negativo; francamente negativo...
Não. Não se incomodem em responder...
Eu sei: esta é uma daquelas coisas que só se sabe vivendo esse momento duro e doloroso.
Não. Não vale pena dizerem-me que fariam o apanhado do ano e se agarrariam às coisas boas; e que as más tentariam esquecer. Não. Isso não é assim!
E se as coisas boas que vos tivessem acontecido, para além de poucas, fossem irrelevantes; fossem coisas que a toda a gente, normalmente, acontece?
E se tivessem estado 365 dias à espera daquele telefonema que nunca aconteceu, daquela palavra amável de que tanto precisavam, daquele gesto de amor, ou amizade, que - sem que mais ninguém soubesse - tornaria a vossa vida mais luminosa e brilhante?
Isso... Coloquem-se nessa posição, viagem até esse sentir; não se preocupem, é temporário e quando acabarem de ler este texto já lá não estarão.
Só fazendo esta viagem é que poderão perceber o quão irrelevantes algumas coisas boas poderão ser...
É verdade que não devemos menosprezar as coisas boas que nos acontecem, nem centrarmo-nos nas negativas. E é igualmente verdade que devemos agradecer tudo o que temos, de mau e de bom, pois tudo faz parte do nosso caminho. Mas todos somos humanos, todos temos sentimentos e todos nos sentimos fragilizados de vez em quando. E nesses momentos, o que precisamos, não é de alguém que nos atire em cara - e às vezes com inveja - as poucas coisas boas que nos aconteceram, o que precisamos é de colo, de compreensão e de alguém que esteja ali para nós; alguém que esteja connosco na dor, mas que não nos deixe afundar nela, usando sabiamente as palavras e as coisas boas que nos aconteceram para reacender a esperança.
Infelizmente, nem todos temos pessoas assim à nossa volta e nem sempre as pessoas conseguem ter este tipo de perspectiva das coisas; como disse, é preciso por lá passar... E isto não é necessariamente maldade; é só ser-se humano...
Por isso, neste final de 2017, faço-vos uma sugestão. Quando erguerem os copos em brinde, dando graças por tudo o que de bom tiveram e apelando ao novo ano para que nada vos tire e tudo vos dê, pensem também nos menos afortunados. E façam-no sem juízos de valor, porque eles não estão assim porque querem, estão assim porque não conseguem estar de outra maneira; são humanos. Pensem neles e englobem-nos no vosso brinde; desejem-lhes coisas boas para que a esperança se possa reacender, também, nos seus corações.
Feliz ano novo.
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