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Nota 1 - Porquê Escrever...


Escrevo.


Há sempre a tendência para se perguntar a um escritor porque escreve. É tanto assim que os próprios escritores já se perguntam para que escrevem... Como se tivesse de existir um motivo nobre para escrever; um motivo superior...


Não sei...


Alguém pergunta ao Ronaldo porque joga à bola?


Alguém pergunta à Christina Aguilera porque canta?


A resposta deles, de facto, eu não saberei dar; mas pressuponho que uma coisa ambos diriam: porque gostam.


Seja como for, nunca ninguém lhes perguntou diretamente isso. Talvez porque pressuponham que seja assim; que exista um gosto.


Já com os escritores há essa curiosidade quase mórbida... É como se esperassem que por detrás de cada palavra, frase ou parágrafo exista uma razão distorcida, uma qualquer paranoia, um trauma, qualquer coisa de anormal...


Por isso, durante algum tempo, eu vivi em pânico com a ideia de que alguém me fizesse essa pergunta.


Que lhes diria?


Existiria em mim algum comportamento, ou pensamento, desviante que pudesse sustentar o meu Eu Escritor?


Poderia eu conseguir satisfazer essa curiosidade lânguida das gentes com um simples «Escrevo porque gosto e sinto-me bem a fazê-lo.»?


A verdade é que eu lido mal com as farsas e com as incoerências; é daquelas coisas viscerais em mim. É-me insuportável ter de lidar isso quanto mais fazer parte... Por isso, jamais me passou pela cabeça criar um alter-ego que pudesse conter em si essas coisas que parecem ser necessárias para se ser um escritor.


É claro que já me perguntaram, bastantes vezes, porque escrevo. As respostas - várias - nunca me satisfizeram, porque, assombrado pela necessidade de ser especial, nunca foram respostas amplas...


Escrevo porque gosto e sinto-me bem a fazê-lo. Escrevo porque sinto que tenho uma mensagem a passar às pessoas, porque quero que os meus textos, ao tocarem as pessoas, as torne melhores. Escrevo porque quero contar histórias ao mundo para que o mundo possa contar-me histórias a mim. Escrevo porque quero que as minhas inquietações sobre o mundo sejam sossegadas; e isso só poderá acontecer se delas der conta às pessoas, se as tornar maiores do que eu, se houver mais pessoas as inquietar-se porque leram o que eu escrevi. Escrevo porque sim.


Porque não?

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