Erros... Como assim?
- PJ Vulter
- 7 de mar. de 2018
- 2 min de leitura

Li no outro dia, no Facebook, um desabafo de uma escritora. Pedia desculpa aos seus leitores por erros que haviam passado; até na revisão.
Considero esta atitude louvável.
Contudo, atitudes à parte, poder-se-á entender?
Como escritor sei que os erros acontecem; principalmente as gralhas. E por gralhas refiro-me a letras trocadas, a vírgulas esquecidas e a palavras que pensámos pôr, mas nunca as escrevemos; só para dizer algumas. E entende-se que durante o processo de edição isto exista, seja detetado e corrigido; contudo, depois da revisão feita - e por profissionais - jamais.
Já como leitor, um leitor puro, aquele que nunca pensou em escrever sequer uma crítica sobre um livro, acho inaceitável e até olho de lado, e de sobrolho franzido, para o parágrafo acima.
Ao leitor gostaria de explicar que o processo de escrita de um romance está longe dessa fluidez de texto que leem; é algo que muitas vezes não é estruturado e é, por vezes, mais semelhante a uma manta de retalhos do que a uma tapeçaria. E é por isso que se perdem virgulas e se esquecem palavras, pois a frase que estava ali foi colocada noutro lado, ou até reajustada, ou viu as palavras que a constituem serem reordenadas. Ao escritor digo que temos de estar atentos a tudo isto, pois sabemos bem como as coisas são... É que, muitas vezes, por mais que olhemos para o texto, não conseguimos - mesmo - encontrar as anomalias.
Vou dar um exemplo, meu...
Estou, neste momento, a rever um texto que escrevi há um ano. Quando o escrevi achei que estava óptimo; passou por dois betareaders, foi corrigido pelos seus inputs e deixado a repousar. No entanto, quando lhe tornei a pegar, fiquei com os cabelos em pé, perguntando-me como é que eu pude, em algum momento, ter ficado satisfeito com o texto. A título de exemplo, há coisas como: frases demasiado longas e confusas; ideias inacabadas; falta de palavras...
E mesmo agora que o estou a rever, e a corrigir, dou por mim a voltar lá, no dia seguinte, apenas para constatar que, numa determinada frase, está em falta um «se»; um «se» que eu li nas mil duzentas e trinta e seis vezes que por lá passei, apesar desse «se» nunca lá ter estado registado.
Este é um fenómeno interessante que só se justifica pelo facto do escritor estar demasiado dentro do texto e, inconscientemente, ler o texto como o concebeu e não como o escreveu. E é este fenómeno igualmente importante por sublinhar a necessidade de uma revisão externa; mesmo depois de visto, revisto e revisto pelo autor, o texto só estará limpo quando revisto por uma outra pessoa.
Só assim se poderão evitar erros como os lamentados pela autora.
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