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A Lógica da Batata ou como deixar de surfar Tsunamis

  • PJ Vulter
  • 9 de mar. de 2018
  • 3 min de leitura


Já alguma vez pensaram na lógica das coisas?


«Claro que sim...», dirão.


É óbvio que sim... Quem nunca pensou?


Mas a verdadeira questão é perceber quantas dessas vezes concluíram que não valia a pena pensar muito nisso, pois a lógica nem sempre é suficientemente explicativa. Foram muitas com certeza; pelo menos, a avaliar pela minha própria experiência.


Talvez seja por isso que criaram uma expressão muito popular e que já há muito conheço: «A lógica é uma batata.». E - verdade, seja dita -, se assim for, não poderemos ter grande esperança, pois não poderemos esperar que uma batata nos explique muita coisa; se é que alguma coisa ela pode explicar.


No entanto, há medida que tenho avançado na vida - inexoravelmente, devo dizê-lo, pois não temos outro remédio - tenho compreendido que nem tudo é o que parece ser. Muitas vezes, quando nos dedicamos a pensar nas coisas, e a investigar - quando há tempo -, damo-nos conta de que há coisas cuja a origem, quando redescoberta, explica tanto mais do que aquilo que se pensava. E porque será assim?


A mulher e o homem tem levado uma vida de surfistas; desde o inicio dos tempos. Apanharam uma onda enorme, um tsunami, e, cada um na sua Long Board, têm prosseguido nela, sobrevivendo - ou tentando - até que essa onda atinja uma praia. Qual praia?


Ninguém sabe, pois não se avista essa praia; e, na verdade, ninguém sabe se há uma praia ou uma parede descomunal de rocha fria e afiada...


O homem e a mulher apenas se vão equilibrando nas pranchas para evitarem caírem e serem tragados pelo mar. No entanto, o que eles não sabem, é que é no mar que está a verdadeira vida; na crista da onda não se vive, sobrevive-se. E, mesmo que um dia atinjam essa praia, ou esse parede rochosa, o que farão então?


Será que haverá alguma coisa nesse mítico lugar onde toda a gente anseia chegar?


E será que, havendo alguma coisa, será mesmo melhor do que deixar-se ser tragado pelo mar e pelas suas maravilhas?


O mar, inexoravelmente, nas suas correntes e dinâmicas, traz tudo às praias. E eu acho que, existindo essa praia mítica, ou parede de rocha, chegar-se-á lá muito mais rico a nado do que no cimo de uma Long Board...


Contudo, mulheres e homens deste mundo, continuam agarrados às suas pranchas. De vez em quando, alguma coisa lhes chega, uns borrifos salgados da espuma a cheirar a maresia, e mergulham no tubo da onda, surfam velozmente, sentem a adrenalina de quase serem devorados pela água, mas logo tornam à crista da onda onde se sentem seguros... E é neste processo que vão perdendo o sentido das coisas, as causas de tudo, as raízes e as origens onde tudo se explica; tudo isto, porque estão demasiado ocupados, na crista da onda, procurando não cair no mar.


Já a batata é simples um tubérculo. Cresce dentro da terra, leva o seu tempo, percorre o caminho das estações e um dia, se não for colhida, passa essa missão a outra batata; se for colhida, alimentará quem a colheu, e possivelmente nutriu, com a sua sabedoria ancestral transmutada em amido e carboidratos. Se o homem, ou mulher, que a colheu for um surfista de tsunamis, verá na batata só comida; mas se já não for um surfista entenderá finalmente a Lógica da batata.


Pensei nisto, este fim de semana, quando me deixei levar para o tubo da onda e lá vi uma batata a boiar. Via tão plácida, tão sem preocupações... Não a senti inquieta, como eu estava, preocupada em saber como conseguiria voltaria à crista da onda; estava simplesmente a vogar...


E foi então que eu que decidi largar a prancha; finalmente entendia a lógica da batata.


E vocês?

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