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As Árvores morrem de pé...

  • PJ Vulter
  • 11 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

A semana passada muito se falou de cultura; e não pelas melhores razões. Aparentemente, o Estado Português - esse mãos largas - encurtou ainda mais os apoios à cultura nacional.


Isto não é novidade. A cultura em Portugal nunca foi devidamente apoiada, nem financeiramente nem de outras maneiras. Mas isto não é só culpa dos governos ou das presidências. O verdadeiro problema começa nas pessoas, nos portugueses, que não valorizam, nem nunca valorizaram, a cultura portuguesa nas suas diferentes expressões. E isto já seria ruim se esta atitude de descrédito se visse somente nos consumidores, mas quando esta atitude se vê reflectida em «artistas» - está entre aspas de propósito - ultrapassa tudo. A verdade - e sem citar nomes - é que há «artistas», cuja projecção e nome lhes permite levantar as vozes acima do ruído de fundo, que deveriam defender a cultura nacional e promovê-la; contudo, ao invés disso, falam mal dessa cultura, da qualidade da mesma e desmerecem os novos artistas. Estas atitudes, para além de reflectirem um certo elitismo - mais que ultrapassado -, consubstanciam-se num desrespeito generalizado pelas artes em Portugal; manifestado pelas pessoas em geral e pelo governo neste particular.


Ainda assim há outra questão que me espanta.


Porque razão tem a cultura de ser subsidiada?


Porque é que a Cultura - quem a produz - não se organiza de forma lucrativa?


Onde é que está a génese desta crença de que a Cultura não pode autofinanciar-se?


A verdade é que nunca ninguém parou para pensar nisso, porque quando se pensa nisso não se vê nem as pessoas a pagarem mais dinheiro pela cultura nem mais pessoas a acederem à Cultura. E porquê?


As razões são muitas e todos as apontarão; eu dou só uma, a título de exemplo: os salários são baixos e as pessoas têm de escolher entre um livro e uma semana de refeições. E podem dizer- as pessoas - baixem os preços da cultura; e respondem os «artistas»: e como comemos nós?


Num cenário hipotético, no contexto cultural que se vive em Portugal, se a Cultura fosse mais acessível, teríamos mais «artistas» a passar fome; mas não teríamos mais pessoas a aceder à cultura.


O nosso problema com a cultura é um problema estrutural e, como todos os dessa génese, levará anos a resolver. E esse problema está resumido naquilo que afirmei acima.


Na minha humilde opinião, para se resolver este imbróglio, primeiro ter-se-ia que criar nas pessoas a necessidade pela cultura nacional; porque só com o povo exigindo mais - e melhor - cultura nacional as estâncias governativas se verão sensibilizadas para a necessidade de melhores políticas culturais. Quando as pessoas procurarem mais a cultura nacional, em princípio, os seus preços tornar-se-ão mais acessíveis, porque produzir-se-á mais e melhor cultura nacional. Com mais e melhor cultura nacional no mercado, os «artistas» não precisarão dos subsídios do estado...


Os subsídios do estado apenas empobrecem a cultura em Portugal, tornando-a subserviente e dependente; e a cultura deve ser livre. O papel do Estado na Cultura não deve ser subsidiá-la; deve ser criar as condições para a sua existência, e desenvolvimento, e ainda promovê-la e vendê-la - principalmente agora que Portugal está na moda.


Se o Estado fizesse isto, desenvolvesse a necessidade pela cultura nacional e lhe desse condições para existir, nenhum «artista» seria explorado na sua arte; simplesmente a praticaria e disso viveria condignamente.


Cabe-nos a nós, «artistas», lutar por isto...


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