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Admirável Mundo Novo

  • PJ Vulter
  • 6 de jul. de 2018
  • 3 min de leitura


Falar de tudo e de todos é fácil para muitos. A crítica está na boca de toda a gente, como se toda a gente fosse perfeita e nunca tivesse errado ou sequer tido dúvidas. E isto é como uma doença contagiosa; quando um começa, todos em volta criticam e falam sem, de facto, saberem do que falam ou o que dizem.


Não estou a falar de nada em particular, porque não é preciso: se o assunto é futebol, todos sabem melhor o que é necessário fazer; se o assunto é política, todos se aprestam a prestar mimos aos políticos e a elaborar políticas sociais; se o assunto é violência, cada um de nós é uma autoridade no assunto; se é cinema, igual; se é teatro, é tal e qual; se é literatura, idem…


Também não vou voltar ao assunto de sermos um país de comentadores; que o somos - a avaliar pela quantidade de programas televisivos que os tem por base...


Vou, antes, começar por identificar uma coisa que todos se esqueceram; aparentemente.


Uma coisa que aprendi cedo, logo que ingressei no mundo do trabalho, é que todos nós, na presença de um problema, deveremos procurar apresentar soluções em vez de identificar, e só, o problema. E é esta a situação problemática com os comentadores, os da televisão e dos cá de fora; porque todos temos um comentador dentro de nós: tudo o que estes comentadores fazem é apontar problemas e criticas…


É verdade que pode não estar nas mãos deles resolverem o problema – raramente o está -, mas poderiam, de vez em quando, sugerir uma solução; talvez quem pudesse solucionar o problema a escutasse. Mas como não o fazem, serão sempre a voz do contra; e nunca passarão disso…


Por isso; o que é que interessa o que os comentadores dizem?


Nada. Absolutamente nada. A única função que os comentadores cumprem – mesmo que não o saibam – é incendiar; incendiar a opinião pública e talhá-la, subdividi-la em lados, facções e afins.


E é por isso que hoje - no dia que redigi este artigo -, às 08 da manhã, no café onde eu escrevia calmamente - tentava, pelo menos - toda a gente gritava para a televisão, vilipendiando o acto humano e desinteressado que era noticiado, enquanto, repetindo como papagaios aquilo que haviam ouvido na noite anterior da boca de meio milhar de comentadores, comentavam as razões de quem ajudara e as razões de quem não ajudara. E, no meio daquela discussão, todos ignoraram e esqueceram o que realmente importava naquela notícia: a salvação de uma criança.


Gostaria de acreditar que o que todos evitavam – mesmo – era descobrir se, em semelhantes condições, teriam sido capazes de fazer o mesmo; e que receosos de não acharem em si a coragem necessária para salvar aquela criança, preferissem procurar em quem a tinha tido motivos menos nobres. No entanto, acho que não foi nada disso.


Nos dias que correm, aparentemente, o que mais importa é travarmo-nos de razões e vencer discussões; é isso que as pessoas veem todos os dias na televisão. E as pessoas preferem imitar, e papaguear, aquelas vozes que lhes entram pela casa a pensar pela própria cabeça; talvez o façam por pura preguiça ou, então, para disfarçar o vazio de ideias que grassa pela nossa sociedade como uma doença infecciosa. Não sei ao certo porque será, mas tendo a achar que é mais a última...


Bom; seja por que razão for: é triste.


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