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Índice Médio de Ignorância


Um funcionário público é alguém que trabalha para o estado desempenhando funções numa empresa ou organização estatal; e penso que quanto a isto não existam dúvidas de maior. Por isso, naturalmente, temos funcionários públicos distribuídos pelas mais diversas hierarquias e com as mais variadas funções; como acontece no privado, no fundo.


Por esta razão, e por não se reconheceram nas funções do funcionário público - por ser funcionário público - qualquer espécie de desgaste adicional, principalmente quando comparados com qualquer outro funcionário privado, começa a ser difícil de aceitar as vantagens que estes funcionários – os públicos – têm; senão como sendo uma bizarria.


Existem trabalhos que devido à sua natureza promovem um desgaste adicional nos trabalhadores. Por defeito – embora nem sempre – essas funções têm associado um subsídio de desgaste; ou, então, os salários são acima da média. E isto, no meu entender, deverá ser igual; quer para o funcionalismo público quer para o privado. No entanto, não se tratando de um desses trabalhos, qualquer vantagem que o funcionário público apresente é uma descriminação face ao trabalhador do privado; e é este o caso da carga horária de trabalho.


Mas podemos questionar – e legitimamente: e se fosse uma empresa privada a fazê-lo?


Imaginemos que a empresa “Eu sou uma alface do Lidle” entendia que os seus funcionários deveriam trabalhar 35h por semana. Alguém diria alguma coisa?


Não o creio. Afinal essa será uma prerrogativa da empresa. Se a “Eu sou uma alface do Lidle” entende que os seus trabalhadores só devem trabalhar 35 horas por semana; pois muito bem.


Então qual o stress com os funcionários públicos?


Antes de mais, quero deixar bem claro que não sou funcionário público e nem os estou a defender; apesar de o parecer. E isso ficará claro já em seguida…


O problema dos funcionários públicos terem 35h semanais de trabalho, e mais uma outra série de vantagens, coloca-se por várias questões.


Em primeiro lugar, porque quem lhes paga os salários somos todos nós, com os nossos impostos, taxas, emolumentos e afins; em segundo lugar, e também pela primeira razão, porque o Funcionário Público – típico – é, por norma, pouco produtivo. E não; não é um estereótipo. Basta um périplo por algumas repartições públicas para perceber duas coisas: uma delas é que a regra de arrastar as tarefas impera, recorrendo às mais evidentes estratégias; e a outra é a falta de simpatia com que os utentes são tratados, pois aparentemente, para todos eles, a nossa presença, ali, é quase uma ofensa.


Assim, torna-se evidente três outras coisas, ainda: o funcionário público trabalha menos horas, é menos produtivo – nem quer ser mais – e é pouco prestável.


Considerando tudo isto, acredito que tenhamos alguma coisa a dizer quanto aos horários de trabalho; e a todas as outras vantagens que têm.


Vem tudo isto a propósito da soberba com que vi uma Funcionária Pública – só o poderia ser – criticar, no Facebook, a posição do Miguel Sousa Tavares quanto às 35h semanais. Dizia a senhora, que as 35h semanais se justificavam por causa da componente «público» do Funcionário público; porque as pessoas – entenda-se, os utentes – protestam, e exigem, e eles têm sempre que aceitar porque o cliente – todos nós, perceba-se – tem sempre razão e que isso é de um grande desgaste…


Apesar da sua revolta, arrisco a perguntar: o que diria ela se trabalhasse no privado?


No privado é igual e, por vezes, os funcionários arriscam-se a processos disciplinares – às vezes a serem despedidos - por não terem corretamente atendido um cliente.


Mas o que mais me assusta - mais do que todas as exigências que são feitas pelos funcionários público, pois acredito que algumas até poderão ser legítimas - é a premissa com qual a senhora começa: a componente «Público»… Ora, parece-me a mim, que esta senhora está redondamente enganada. Como disse à partida, o Funcionário público trabalha para o estado e terá as mais diversas funções; nem todas associadas ao atendimento público. Preocupa-me que esta senhora ache que o funcionário público o seja porque atenda público; e preocupa-me, ainda mais, o que isto possa dizer sobre a competência, os saberes, e a formação de toda essa gente a quem pagamos os salários

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