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Profecias Celestinas

  • PJ Vulter
  • 5 de out. de 2018
  • 4 min de leitura


Aqueles que acompanham o esoterismo – nas suas mais variadas vertentes -, volta não volta, deparam-se com profecias. E, como são humanos, é inevitável que as espreitem… Nós temos sempre a necessidade de saber como vai ser o futuro. Conhecem alguém que não o queira saber?


Porque será assim?


É assim porque todos nós precisamos de estabilidade, de saber com o que contamos, de garantias de que continuamos a ter – quando é bom – ou – quando é mau – de que consigamos mudar. Não achem isto estranho, pois é aqui que reside a própria essência das religiões; a concepção de um Ser Superlativo que é responsável por todos nós e a quem podemos pedir ajuda. E essa ajuda vem?


Alguns dirão que sim, outros dirão que não e outros dirão ainda que virá mediante o merecimento de cada um. Mas isto não é nada mais do que a exteriorização, a projecção numa entidade – dita superior - da existência dessas garantias de que tanto se precisa. Desta forma, aconteça o que acontecer, foi Deus que assim quis. Um tanto injusto não acham?!


Eu acredito na existência de algo superior a todos nós, de desígnios que nos ultrapassam, mas – como de resto já podem ter concluído pelo que escrevo – não subscrevo a ideia de Deus que se encontra instituída; e muito menos a das religiões que existem. Da mesma forma, também não sou partidário da existência do Destino; daquela ideia de que o nosso caminho está traçado e que não há forma de lhe escapar…


Acredito – isso, sim – de que todos vimos a este mundo com um missão, ou várias, e que demos as voltas que dermos, a nossa existência só fará sentido – mesmo para nós –, se as cumprirmos ou estivermos focados no seu cumprimento. E isto significa que ninguém nos poderá dizer como fazermos as coisas, mas que alguns poder-nos-ão dizer que coisas temos de fazer; e isto para aqueles mais perdidos que ainda não o perceberam – ou seja, quase todos nós…


Mas se bem se recordam, comecei por falar de profecias…


O que é uma profecia?


Uma profecia é uma predestinação, uma visão do futuro; regra geral, intuída por alguém que a recebeu de Deus. Poderemos acreditar nelas?


Se não existe um caminho pré-definido e ao qual não podemos escapar – da minha perspectiva, claro está – que sentido faz uma profecia?


Nenhum.


Vem isto a propósito do que circula por aí sobre 2020; mas não só.


Esta questão - do 2020 - nasceu a nível Astrológico. Conhecem a Astrologia?


Ao contrário do que se pensa, a Astrologia não é adivinhação; é, na verdade, mais um instrumento de autoconhecimento do que propriamente de futurologia. É bem certo que as pessoas vão lá mais vezes com intuito de saber do futuro – a tal busca de garantias – do que na busca de autoconhecimento, mas é também bem certo que o astrólogo – se for sério – dará as respostas – sempre - com base nas características astrológicas de quem o procura…


Saltemos as discussões sobre a validade científica da astrologia ou de todo o esoterismo – não é disso que se trata; ainda assim, e à cautela, não resisto a lembrar que milhares de milhões de pessoas acreditam em Deus e nunca o viram…


Diz a Astrologia que em 2020 grandes alterações poderão ocorrer no mundo; e baseia isto na análise dos trânsitos astrológicos de forma geral: conjunções e afins. Não querendo entrar em detalhes – porque não é esse o objectivo -, mas apenas para contextualizar, estamos a falar de trânsitos de astros relacionados – simbolicamente – com as estruturas físicas, as mudanças e novas formas de ver o mundo. Trata-se de um trânsito suportado por um conjunto de ligações planetárias que, do ponto de vista astrológico, são significativas e indiciantes de que algo vai mudar – inevitavelmente – no mundo; não só pelas suas características, mas também porque no passado, semelhantes conjunções tiveram semelhantes efeitos. Para mais informações, procurem um astrólogo ou busquem na internet…


Mas não é isto que é uma profecia. O que Astrologia diz é que potencialmente vão haver mudanças profundas; e é só. As profecias são mais detalhadas…


As profecias dizem que vai ser assim; ou assado. Algumas vão ao ponto de dizerem o dia – às vezes, a hora. Normalmente as profecias são catastróficas, são desgraças para o mundo e as suas gentes: guerras, cataclismos naturais e fins-do-mundo. A quantos fins-do-mundo já sobreviveram?


Eu, pela minha contagem, nos últimos cinco anos, sobrevivi, pelo menos, a três…


Sobre 2020 há já muitas profecias… Mas o problema das profecias - e não é só sobre as de 2020 – é que todas elas são tendenciosas. Porque – mesmo acreditando que elas tenham sido, de facto, intuídas de uma entidade superior – quem a profere é um homem ou uma mulher; e também as suas crenças. E a partir daí tudo é duvidoso…


Dou alguns exemplos. Se notarem, todas as profecias proferidas por Brasileiros, garantem que o Brasil será poupado (?!); todas as profecias proferidas por católicos garantem que os tementes a Deus serão protegidos e que os culpados de tudo são todos aqueles que se afastaram da igreja, da religião, de Deus…


Estranho; não acham?


Em tempos há muito idos – para mim –, a religião tinha uma forte presença na minha vida. Nesses idos tempos, também me fizeram crer que o dia em que eu abandonasse a religião perderia tudo; seria um desgraçado. Felizmente, enchi-me de coragem e enfrentei esse monstro que me pintaram e ele desapareceu; na realidade nunca existiu. E assim é com as profecias; com a maioria delas, pelo menos.


Ainda assim, sempre que vejo uma profecia, como todos nós, vou espreitá-la. Só atento naquelas que não são detalhistas, que se abstém de juízos de valor categóricos - fundamentados nas crenças do profeta - e que não dizem arbitrariedades…


Dizem-me, agora; e com todo o direito:


«Então dizes que não acreditas em caminhos pré-definidos e que, por isso, não achas que as profecias façam sentido… Mas vais vê-las e, a algumas, até dás atenção… Afinal, acreditas no destino ou não?»


O que é que vos posso dizer?


Eu não acredito, de facto, em caminhos pré-definidos. Mas a verdade é que gosto de ir sabendo das coisas; só pelo sim e pelo não… Afinal, sou humano; como todos vós!

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