Hipocrisia Minoritária
- PJ Vulter
- 7 de dez. de 2018
- 3 min de leitura

Hoje trago-vos um tema controverso…
Minorias; todos já ouvimos falar das minorias. Mas será que hoje as minorias são verdadeiramente minorias?
Vejamos o que significa a palavra minorias:
Minorias são grupos marginalizados dentro de uma sociedade devido aos aspectos económicos, sociais, culturais, físicos ou religiosos.
A marginalização acima referida decorre do simples facto de serem grupos pouco expressivos – em número, entenda-se – dentro da sociedade global. E vamos atender-nos a esta última leitura, porque a marginalização só ocorre por isso mesmo.
Assim sendo, pertencer a um grupo minoritário é fundamentalmente fazer-se parte de um conjunto de pessoas que não partilham dos mesmos critérios, juízos, escolhas e visões do mundo que a maioria da sociedade partilha. Não é nada mais do que isso!
O protesto das minorias surge quando essas escolhas começaram a condicionar a sua qualidade de vida; quando, por serem de determinada maneira, começaram a ver-se preteridas face aos restantes e sem que essa preferência tivesse qualquer tipo de fundamento lógico ou legal.
E isso, de facto, está errado. Ninguém deve ser prejudicado por ser diferente dos restantes; e muito menos o deve ser só por isso.
No entanto, o barulho que as minorias têm vindo a fazer tornou-se ensurdecedor. E, por isso, atualmente poucas são as minorias que o são de facto; no sentido da marginalização. Hoje em dia não vejo nenhum grupo minoritário na nossa sociedade que seja descaradamente marginalizado face aos restantes. O que vejo é precisamente o contrário, é as maiorias a serem prejudicadas por causa das minorias; para não ofender as minorias – hoje tem-se muito medo de ofender seja quem for.
Hoje criam-se condições especiais para minorias; em concursos, se existem elementos de minorias, o mais provável é que sejam eles a serem escolhidos. E atenção, porque se algum elemento de uma minoria resolver que foi marginalizado, arma um escarcel de todo o tamanho e… Bom; o mais provável é venha a ser ele a ganhar o que quer que seja…
A responsabilidade disto não é de ninguém em especial; é de todos nós.
Sendo certo que no passado havia uma posição hostil face às minorias – algo que ainda hoje pode existir, mas nas relações interpessoais –, hoje, há uma posição de abertura e aceitação; que não deixa de ser uma marginalização. Hoje, as minorias são beneficiadas pela mesma razão que no passado eram prejudicadas; porque são diferentes… Mas hoje não protestam, porque hoje sabe-lhes bem. É impressionante a hipocrisia. Porque motivo protestavam no passado, por serem tratados de forma diferente, e, hoje, continuando a ser tratados de maneira diferente, não o fazem?!
A resposta todos sabemos. Não é?
Antigamente tudo o que era diferente era visto de lado. Hoje, apesar de ainda o ser, há muita gente que sente mais curiosidade do que temor – que era o que sentia no passado. E, por isso, o mesmo mecanismo que fazia com que se ignorasse – no melhor dos casos – as minorias ou as prejudicasse, hoje faz com que se atente nelas, se preste atenção e se promova o benefício das mesmas.
Está isto errado?
Não sei. Não é essa a questão!
Eu acho que tudo o que promova o bem estar social e uma melhor relação entre as pessoas é fundamental e bom. Todavia, também é bom que as pessoas não sejam hipócritas e ajam em coerência com a realidade.
A questão é que as minorias vivem as diferenças com orgulho, usam-nas como bandeiras e protestam pelos seus direitos; e acho bem que o façam, pois não têm de esconder nem quem são, nem o desagrado que sentem. Mas se hoje essas diferenças já não os prejudicam…
Calma! Calma! Bem sei! Não é bem assim! «Há um fulano que me trata mal! Há um beltrano que me vira a cara…», mas isso não é marginalização; isso é preconceito. E contra isso nada há fazer, porque as pessoas são pessoas e são imperfeitas. Ainda assim, lembro-o daquele senhor que o deixa passar à frente todos os dias e daquela senhora do café que lhe guarda o bolo; mentindo aos outros clientes e dizendo-lhes que já não há… Pois é; a sua diferença que gera hostilidade é a mesma que gera simpatia e ambas são preconceitos; positivos para uns e negativos para outros.
Acho que o que eu quero dizer é que hoje em dia já não há uma marginalização social efectiva das minorias; e, por isso, as minorias poderiam gritar um bocadinho mais baixo, fazer menos ruído, protestar menos... Não faz sentido – nunca fez – chorar de barriga cheia.
PS: sei que ainda há casos de marginalização social, grupos ainda menos expressivos, mas se aqueles que já não o são não se silenciarem, esses outros, nunca conseguirão ser ouvidos.
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