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O Mistério do Natal

  • PJ Vulter
  • 21 de dez. de 2018
  • 4 min de leitura

O Mistério do Naral, PJ Vulter

O Natal está aí...


Este ano, o tema do Natal não me está a inspirar nenhum comentário, porque acho que já disse tudo o ano passado - Está Tudo Bem! ; no entanto, entendo que as pessoas - por esta época - não querem saber de outras coisas e assuntos; e falar deles é o mesmo que falar para o boneco. E eu, apesar de ter tantos outros temas - importantes - alinhados, resolvi deixá-los para 2019 e vou falar daquilo que se passa por estes dias: o Natal...


Porque será que esta quadra nos faz o que faz?


Nesta quadra, as pessoas só querem satisfazer os seus desejos, comprar coisas para si - sob a desculpa do «É Natal!» -, oferecer os seus presentes, receber as suas prendas, comer e beber...


Ah! E não sei se convosco é assim, também... Apetece-vos trabalhar?!


A mim, não! Dou por mim a pensar - frequentemente - que o ideal era que se criasse a tradição de que nestes dias - as duas últimas semanas do ano - não se trabalhasse de todo!


E o que custa, depois; quando no final da primeira semana de Janeiro se percebe que já passou tudo?


Ui! Dói... Dói de muitas maneiras, mas para mim, a que mais me custa, é a constatação - pura e simples - de que esta quadra foi só a época do ano que vivi mais estupidamente: alienei-me do que interessava, imerso na loucura do «espírito das Festas» - seja lá o que isso for; e comi demais, bebi demais e gastei demais...


E depois de tudo isto, voltamos ao mesmo ritmo, como se nada se tivesse passado. Não acham este comportamento, um tanto, patológico?


Eu acho mesmo que poderíamos denominar este fenómeno de esquizofrenia global ou de bipolaridade sazonal.


Reparem: eu sei que isto tudo nos é induzido pelo capitalismo, pelas suas ferramentas, pelos seus instrumentos... A culpa - como se isso interessasse -, não é inteiramente nossa, porque os mecanismos usados na promoção do consumismo utilizam as nossas fraquezas biológicas, as nossas ilusões cerebrais (Se lerem o meu artigo do inicio de Novembro - Para Além da Ilusão - perceberão o que digo); mas - necessariamente - a responsabilidade já é nossa. Nós somos responsáveis por saber ver quando nos estão a levar a ter um determinado comportamento e tomar disso consciência; se, depois disso, o mantivermos, então, é já uma decisão nossa e consciente.


E está tudo bem - como dizia, o ano passado; porque o que interessa é que tenhamos consciência de que isto tudo é fruta da época - literalmente. A Humanidade não pode é entrar nesta época iludida com coisas como a celebração do Deus menino - e que talvez nem acredite - e utilizá-la para justificar um sem número de ações que têm a ver com tudo menos com o menino Jesus. Esta é uma quadra comercial; nada mais...


Dizia-me, no outro dia, um taxista - recordava-me, a bem dizer, porque eu já o sabia - que o Natal foi inventado pela Coca-cola... Não foi bem assim, porque o que a Coca-Cola inventou foi o Pai Natal; mas não o corrigi, porque a ideia - a premissa fundamental - estava lá: o Natal pode muito bem ser uma invenção nossa...


O menino Jesus, o Deus Menino, o que quiserem, talvez nada tenha que ver com o Natal; há coisas mal contadas. Por exemplo, há muitas evidências científicas que apontam para incongruências astronómicas que empurram a estrela dos Reis Magos mais para Janeiro do que para Dezembro; e, como é que é possível estarmos tão certos da data de um evento ocorrido - em teoria, claro está - há 2018 anos, se há coisas que se passaram há poucas dezenas e não há certezas?


Mas está tudo bem! Como disse, o importante é estarmos todos conscientes - ou, pelo menos, alerta - destas coisas; de resto, o ser humano sempre precisou de justificações para tudo que faz - principalmente para os excessos. Por isso, podem justificar as vossas ações, nesta quadra, com o que bem entenderem; pois, se estiverem disso conscientes, está tudo bem!


É como eu. Eu, porque sou humano - e imperfeito -, e não sou diferente de todos vós, resolvi escrever este texto sobre o Natal, em vez de vos maçar com os problemas do mundo; porque estamos no Natal e ninguém quer saber de mais nada. Mas, porque eu decidi - e em consciência - fazê-lo, está tudo bem... Ou será que não?


Ter consciências das coisas é só primeiro passo; é o que fazemos com essa consciência que realmente importa. E enquanto formos encontrando justificações para os nossos excessos, enquanto tudo estiver bem porque sabemos - e temos consciência - que os estamos a cometer - e escolhemos cometer - nada mudará; e precisa mudar, porque este fenómeno de bipolaridade sazonal ocorre várias vezes por ano...


Deixo-vos com esta metáfora:


Há uma instituição mundial que organiza angariações de fundos; reúne, periodicamente, em diversas épocas do ano - e sob as mais diversas temáticas -, por várias causas e nunca por uma causa específica. As pessoas acorrem a esses eventos, porque ao contrário das galas, a entrada é livre, comem e bebem o que puderem pagar e fazem o donativo que entenderem; tanto vale aquele que dá muito como o que dá pouco, porque tudo importa e é anónimo. E, no final, vão todos para casa satisfeitos, apesar de não saberem ao certo para onde foram os dinheiros angariados; ainda assim, vão em paz consigo próprios, porque estão certos de que foram para uma boa causa - mais por convicção própria do que por outra razão -, mas principalmente porque passaram uma noite divertida ...


Tenham todos um Bom Natal!


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